segunda-feira, 17 de outubro de 2016

A primeira geração de Casas de Comércio em Botucatu

Padrões de edificação e conservação estabelecidos para o comércio quando Botucatu ainda era uma Vila. 


por JOÃO FIGUEIROA


O Código de Posturas de 1867 da Vila de Botucatu implantou padrões para edificação de casas de negócios no Comércio botucatuense. Até então cada comerciante edificava acompanhando o conhecimento que trazia da cidade de onde viera, já que aqui chegavam habitantes vindos de outras localidades paulistas (Tietê, Porto Feliz, Piracicaba, Tatuí, Itapeva, Itapetininga, Campinas, Franca, São Carlos do Pinhal e outras) ou de localidades mineiras.   

Foi para disciplinar a matéria que o Código estabeleceu procedimentos nessas construções, criando a primeira geração de construções genuinamente botucatuenses.   As Casas de Negócios surgidas depois disso formaram um conjunto suficiente para afirmar que Botucatu gerou padrões próprios de construções. Eram edificações no alinhamento das ruas, com calçadas largas e construídas geralmente em paralelo ao leito.    

A Câmara de Vereadores, autora do projeto, criou o cargo de arruador, dando ao funcionário nomeado uma renda de 1$000 rs (hum mil réis) por frente que alinhasse. Esse arruador passou a trabalhar no esquadrejamento e alinhamentos de edificações novas. Quando as velhas eram demolidas ele tinha a obrigação de fazer o mesmo com a que surgiria no lugar da primeira. Ganhava mais quando o trabalho era feito fora da sede, em outras povoações da Vila.   


Dentro da sede ele tinha que aplicar as medidas e vistoriar as construções. As casas teriam altura única. Diz o artigo 6º: “as casas, não poderão ser levantadas de menos de 18 palmos da parte superior da soleira á inferior da linha do telhado, sob multa de 10$000 rs, ficando obrigado os contraventores a demolir, ou por as mesmas em regra no prazo que lhes for marcado”.    

Isto valia tanto para habitações como para as casas de comércio, que eram uma só, pois o proprietário morava nos fundos ou na porta ao lado. Como cada palmo, por ser antiga medida de comprimento, era fixado em 22 centímetros, teríamos pela lei uma loja/habitação com 3,96 metros de pé direito.    

As portas dos estabelecimentos acompanhavam as das habitações; teriam 12 palmos de altura e 5 de largura, ou 2,64 metros por 1,10. Eram altas e largas.    Essas portas eram dispostas lado a lado, na frente dos estabelecimentos. Alguns chegavam a ter 6 ou 8 portas, dependendo do tamanho do negócio.   

Pelo mesmo Código de Posturas, a partir da data de sua aprovação todos os prédios passaram a ter calçadas: “artigo 10: Os prédios ora existentes, e os que para o futuro se reedificarem terão suas testadas calçadas com 10 palmos de largura, dentro do prazo que aos seus proprietários for designado, sob pena de 5$000 rs.” 

Os passeios teriam, então, 2,20 m.    Entrados na década de 70 do século XIX, em pleno vigor da lei, a cidade foi alocando suas Lojas e outros Estabelecimentos comerciais na que seria a Rua Riachuelo (atual Amando de Barros). 

Entre a Matriz, (atual Pça Cel. Moura) e o Largo Santa Cruz (atual Bosque), onde já estava construída a Capela do mesmo nome, a cidade de Botucatu viu proliferar o seu mais intenso comércio daquele século. Todas as construções tinham quase o mesmo desenho: portas lado a lado, aqui ou ali uma janela, tendo nos fundos a habitação dos proprietários. 

Essa disposição das lojas invadiu o século XX, fixada prioritariamente na Rua Riachuelo/Amando, mesmo quando a Rua do Curuzú rivalizou com ela em importância.  

Em 1873, já estavam estabelecidos em Botucatu com o comércio de fazendas, ferragens e molhados, os seguintes negociantes: Antonio Ferreira da Silva Veiga, Antonio Joaquim Cardoso de Almeida, Felippe dos Santos, João Evangelista Gonçalves. Tnt Joaquim Pereira de Almeida, Manoel Carlos Arantes, Maximiniano Wogel e Vieira & Peixoto. Eram oito (8). 

Como negociantes com molhados e gêneros do país, estavam com suas portas abertas: Avelino da Silva Rocha, Fernando de Barros Gurgel, Joaquim Pompeo de Almeida Campos, Manoel Ignacio Pereira Braga e Pascoal & Salomon. Eram cinco (5).   

João Carlos Figueiroa é jornalista e autor de diversos livros sobre a historia de Botucatu

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